OS MAIS INFLUENTES DO MUNDO

LULA É MAIS INFLUENTE QUE PAPA E BIN LADEN, DIZ"NEWSWEEK"A revista "Newsweek" acaba de divulgar a lista dos 50 líderes mais poderosos do mundo.Lula - aquele que alguns "jornalistas" gostam de chamar de "apedeuta", ignorante, e que parte da classe média (especialmente no Sul e Sudeste) rejeitou em 2002 e 2006, porque "não sabia falar inglês, que vergonha para nosso país!" - é o décimo-oitavo.Lula -sem falar inglês nem francês (FHC, quando era presidente, chegou a discursar em francês durante visita a Paris - que caipirice, professor!) - é o único político latino-americano na lista. O outro nome da região é o do empresário mexicano Carlos Slim.Essa posição de Lula me faz pensar num paralelo com a literatura. A melhor forma de ser um escritor universal, dizem, é ser profundamente local, ligado à sua terra, sua cidade, seu chão.Lula só tem importância no mundo porque é brasileiro, profundamente brasileiro, irremediavelmente brasileiro.Determinados setores de nossas elites (que gostam de tirar dupla-cidadania, para posar de italianos ou espanhóis na viagem para Paris e Miami) não suportam que Lula seja tão brasileiro.A "Newsweek" (revista da qual eu nem gosto) não está nem aí. Gosta do Lula brazuca.Lula aparece na lista na "Newsweek" à frente do Dalai Lama e do papa Bento XVI (que é apenas o trigésimo-sétimo). Ratzinger fala 6 ou 7 idiomas! Mas talvez já não haja tanta gente prestando atenção ao que ele diz, seja em que língua for.
A lista - claro - é "americanóide" (com o perdão do termo "demodé", viu Eliane C!).Ali aparecem personalidades só conhecidas nos Estados Unidos: como a apresentadora de TV Ophra Winprey, que poderia andar no Largo Treze, em São Paulo, ou na Baixa do Sapateiro, em Salvador, sem que ninguém soubesse quem é ela!Já Lula é ouvido em todas as partes do mundo. Em maio deste ano, acompanhei a viagem do presidente brasileiro a Praga. Ele quis conhecer a famosa ponte Karlov - principal ponto turístico da linda capital tcheca. E lá foram os pobres jornalistas atrás. Foi inacreditável: o que tinha de turista japonês parando pra tirar foto de Lula! Ele era a atração. Ouvi quando um jovem - que vestia a camisa da seleção da Inglaterra e falava com o típico sotaque inglês - deu uma bronca na namorada, que queria saber "who´s that man?"."Lula da Silva, the brazilian..."Lula, o brasileiro. É assim que nosso presidente é conhecido no mundo.Aqui, há quem prefira chamá-lo de "apedeuta".Lula e o governo dele têm - claro - muitos defeitos. Faça-se a crítica pela imprensa. E que a oposição desça o sarrafo, como é seu papel. Mas, a essa altura do campeonato, continuar chamando o presidente de "apedeuta", e dizendo que ele só dá "bolsa-esmola" e sustenta "vagabundo nordestino" é algo inacreditável. Ouvir isso na rua - ou nas festas da classe média paulistana - já é chocante. Mas, pior, é ver isso escrito em sites mantidos por revistas com grande vendagem no Brasil. Revistas muito vendidas, talvez a explicação seja essa, justamente.Lula não é importante porque a "Newsweek" disse que ele é poderoso.Ele é importante - na minha humilde opinião - porque:
1) criou mercado interno no Brasil;
2) adotou políticas sociais claramente social-democratas (só nessas terras de Casa Garnde & Senzala que "bolsa-família" pode ser visto como "esmola"; tenha dó!);
3) relacionou-se de forma civilizada com os movimentos sociais;
4) diversificou as exportações brasileiras, abrindo o país para outras partes do mundo;
5) adotou uma política externa independente, e ajudou a redesenhar o mapa do poder nas Américas, enterrando a doutrina Monroe no encontro da última semana na Bahia.
Chamo a atenção para outro detalhe: Nicolas Sarkozy parece mesmo ter relançado a França à condição de potência diplomática. Midiático, hiper-ativo, Sarkozy é um francês que sabe se comunicar com o mundo. Deixando pra trás, na lista da "Newsweek", líderes de países mais importantes economicamente (como Alemanha e Japão) ou militarmente (como a Rússia).Osama Bin Laden, por outro lado, já teve dias mais gloriosos.Aparece lá no finzinho da lista.A essa altura, imagino, os desastrados que dirigem bancos e empresas nos Estados Unidos devem assustar muito mais do que um terrorista escondido nas cavernas do Paquistão.
VEJA A LISTA DOS 50 MAIS PODEROSOS DA NEWSWEEK
1: Barack Obama
2: Hu Jintao
3: Nicolas Sarkozy
4: Ben Bernanke
5: Jean-Claude Trichet
6: Masaaki Shirakawa
7: Gordon Brown
8: Angela Merkel
9: Vladimir Putin
10: Abdullah bin Abdulaziz Al-Saud
11: Ayatollah Ali Khamenei
12: Kim Jong Il
13-14: Os Clintons
15: Timothy Geithner
16:Gen. David Petraeus
17: Sonia Gandhi
18: Luiz Inácio Lula da Silva
19: Warren Buffett
20: Gen. Ashfaq Parvez Kayani
21: Nuri al-Maliki
22: Bill Gates
23: Melinda Gates
24: Nancy Pelosi
25:Khalita bin Zayed Al Nahian
26: Mike Duke
27: Rahm Emanuel
28: Eric Schmidt
29: Jamie Dimon
30-31: Amigos de Obama (David Axelrod e Valerie Jarrett)
32: Dominique Strauss-Kahn
33: Rex Tillerson
34: Steve Jobs
35: John Lasseter
36: Michael Bloomberg
37: Papa Bento XVI
38: Katsuaki Watanabe
39: Rupert Murdoch
40: Jeff Bezos
41: Shahrukh Khan
42: Osama bin Laden
43: Hassan Nasrallah
44: Dr. Margaret Chan
45: Carlos Slim Helú
46: The Dalai Lama
47: Oprah Winfrey
48: Amr Khaled
49: E. A. Adeboye
50: Jim Rogers
(Do blog do Rodrigo Viana)

ELEIÇÕES -2008 - BRASIL

VOTOS, PREFEITOS E VEREADORES POR PARTIDOS

PARTIDOS

VOTOS

PREFEITOS

VEREADORES

PMDB

18.460.548

1.193

8.493

PT

16.520.844

551

4.169

PSDB

14.477.870

782

5.910

DEM

9.320.626

499

4.813

PP

6.094.893

553

5.133

PDT

6.030.933

346

3.517

PSB

5.690.134

309

2.960

PTB

5.055.353

412

3.936

PV

2.951.074

76

1.251

PPS

2.818.922

130

2.152

PR

- - - -

381

3.541

OUTROS (17 PARTIDOS)

8.407.818

305

6.055

Desempenho partidário nas capitais e cidades com mais de 200.000

eleitores ( G-79)

PARTIDOS

CAPITAIS

CIDADES ( MAIS DE 200 MIL ELEITORES)

TOTAL

(G-79)

PMDB

06

11

17

PT

06

15

21

PSDB

04

09

13

PTB

02

01

03

PSB

03

02

05

PV

01

-

01

PR

-

02

02

PP

01

04

05

PDT

01

04

05

PC do B

01

01

02

DEM

01

04

05

TOTAL

26

53

79


DESEMPENHO PARTIDÁRIO NAS CAPITAIS E CIDADES COM MAIS DE 200 MIL ELEITORES:

PARTIDOS CAPITAIS CIDADES TOTAL

PMDB 06 11 1 7
PT 06 15 21
PSDB 04 09 13
PSB 02 02 04
DEM 01(São Paulo)04 05
PDT 01 04 05
PP 01 04 05
PTB 02 01 03
PV 01 01
PC do B 01 01 02
PR - 02 02

YES, NÓS TEMOS OBAMA



Parodiando a consagrada marchinha de carnaval interpretada pela Carmen Miranda:

"Yes, nós temos Obama,
Obama prá dá e vender,
Obama, menina, tem vitamina,
Obama engorda e faz crescer..."


Na 4ª feira, o mundo acordou mais civilizado, mais tolerante e mais esperançoso. O mundo amanheceu festejando a vitória de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos. Foi quebrado um paradigma. Um negro vai ocupar a Casa Branca. Uma casa, que só havia recebido inquilinos da mesma cor de suas paredes, agora vai ter um pouco mais de contraste e, com certeza, vai ficar mais bonita. Sou daqueles que acham que ninguém chega à Presidência dos Estados Unidos impunemente. Seja Democrata ou Republicano e, qualquer que seja a cor de sua pele,quem ocupa aquela casa representa o estabilishement, o "American Way of life", o estilo de vida americano, os interesses do império. Um império que vive uma das suas maiores crises. Crises, que são muito funcionais ao capitalismo. Mesmo com essa compreensão, reconheço o extraordinário fato histórico dessa eleição americana, uma das mais participativas e empolgantes das últimas décadas. O 42º Presidente eleito, Barack Obama, recebeu 52% dos votos , fez 349 delegados e seu partido Democrata vai ter maioria na Câmara e no Senado o que lhe proporciona governabilidade. A democracia americana, com essa eleição, colocou um tijolinho no processo civilizatório dos Estados Unidos e do mundo. O sonho de Martin Luther King, começou a ser realizado. O "I HAVE DREAM" do pastor King, hoje pode ser traduzido por "YES, WE CAN" ("Sim, nós podemos" - slogan da campanha de Obama).Sim, temos uma liderança nova comandando um império em crise. Que ele honre a nossa cor, mas, honre principalmente, o seu cargo e o seu mandato delegado por expressivos segmentos do povo americano. Yes, Obama , você venceu.

Fonte: www.euqueroesossego.blogspot.com (Prof. Marcão)

ATENÇÃO ALUNOS -QUESTÕES DA PROVA

UFAC/DFCS
DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA II
Prof. MSc: Marcos Inácio Fernandes
Questões para estudar para prova (dia : 04/11/2008)

1 – “Há homens que lutam por um dia e são bons.
Há homens que lutam por algum tempo e são muito bons.
Há homens que lutam por muito tempo e são melhores.
Mas, há homens, que lutam por toda a vida,
Estes são os IMPRESCINDÍVEIS.” (Bertolt Brechet)
Pergunto: Na nossa história ,você consegue identificar alguns desses homens imprescindíveis?

2 –“No caso do Brasil, a escravidão é uma das três maiores desgraças que se abateram sobre nós, e pelas quais pagamos até hoje. As outras duas, no meu entendimento, são a colonização predatória e o golpe de 64.” (Mino Carta, editor da revista Carta Capital). Comente o texto e relacione ESCRAVIDÃO, COLONIZAÇÃO PREDATÓRIA e DITADURA MILITAR.

3- Antes de Nelson Jobim,atual Ministro da Defesa, ainda na 1ª República, dois civis foram nomeados para as pastas da Guerra e da Marinha. Pergunta-se: Quais foram esses Ministros, quem os nomeou e em qual circunstâncias?

4 – Qual o Presidente que governou o Brasil em permanente Estado de Sítio? Por que?

5 - Descreva, em linhas gerais, o MOVIMENTO TENENTISTA.

6 – Cite algumas características do ESTADO NACIONAL MODERNO
.
7 – Em que consiste o ESTADO AMPLIADO (concepção de Gramsci).

8 – Como o Estado exerce sua função HEGEMÔNICA?

9 – Hoje o PT governa o Brasil, alguns Estados e muitas Prefeituras. Pergunto: O PT tem a hegemonia na sociedade brasileira? Explique.

10 - “A direita nunca me enganou. A esquerda já.” (Daniel Cohn-Bandit). Comente a frase e explicite esses conceitos conforme a teoria de Bobbio.


11 - Segundo Gramsci, o PARTIDO POLÍTICO é o MODERNO PRÍNCIPE. Por que?

12 - Quais os principais partidos Políticos da República Velha e do período da Redemocratização no Brasil (1945)?

13 – Entre 1889 e 1930, (1ª República) como ficou conhecida a alternância no poder?

14 – Washington Luís é autor das seguintes frases:
“Governar é construir estradas.”
“A questão social é um caso de polícia.”
Pergunto: Quem foi esse cidadão e qual a sua interpretação dessas frases?

15 – Faça um breve balanço do recente processo eleitoral no Brasil .

16 – “Quem é essa mulher, / Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho/ Que mora na escuridão do mar.
Quem é essa mulher/ Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento/ Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher / Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo/ E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar.”
( Angélica de:Milltinho e Chico Buarque)
Pergunto; Quem é essa mulher? Quem é esse menino?
Interprete a música.

OBESERVAÇÃO: Serão selecionadas 4 (quatro) questões para a prova. Bom estudo!!

Getulio Vargas e o Movimento Queremista.

Movimento político surgido em maio de 1945 com o objetivo de defender a permanência de Getúlio Vargas na presidência da República. O nome "queremismo" se originou do slogan utilizado pelo movimento: "Queremos Getúlio".
Diante das evidências de que a ditadura do Estado Novo caminhava para o seu final, as forças políticas que haviam se oposto ao regime iniciaram o ano de 1945 reivindicando a redemocratização do país. Pressionado, Vargas comprometeu-se a realizar eleições. Organizaram-se partidos políticos nacionais, que lançaram candidatos, enquanto o próprio Vargas mantinha-se numa posição dúbia em relação à possibilidade de candidatar-se. O prestígio de que então desfrutava junto aos trabalhadores urbanos fazia com que seus passos fossem decisivos para os rumos da eleição. Nesse contexto, surgiu em São Paulo, entre os meses de março e maio, o movimento da panela vazia, manifestação pioneira em defesa de sua permanência na presidência. Logo em seguida, ainda no mês de maio, foi lançado o movimento queremista, no Rio de Janeiro. Os queremistas reivindicavam o adiamento das eleições presidenciais e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Caso as eleições fossem mesmo confirmadas, queriam o lançamento da candidatura de Vargas.
O Partido Comunista do Brasil, recém-legalizado após anos de clandestinidade, logo manifestou apoio à bandeira da Constituinte com Getúlio. Nos meses seguintes o movimento atingiu outras capitais e ganhou dimensões de massa. O empresário Hugo Borghi se destacou como um de seus principais líderes, chegando a adquirir três estações de rádio para colocá-las à disposição da campanha. No Rio de Janeiro, o jornal O Radical encampou as teses do movimento. Em julho quando o primeiro escalão de pracinhas regressou da Itália e foi aclamado nas ruas do Rio de Janeiro, Getúlio também desfilou em carro aberto e recebeu uma consagração popular. Os queremistas estavam seguros do prestígio do presidente. Nos meses de agosto, setembro e outubro grandes manifestações se sucederam. Vargas saudava os manifestantes da sacada do palácio presidencial e, aos poucos, começava a dar mostras de que pretendia continuar no poder.
No final do mês de outubro, quando Vargas tentou substituir o chefe de Polícia do Distrito Federal, João Alberto Lins de Barros, por Benjamin Vargas, seu irmão, a manobra foi interpretada por seus adversários como um golpe para preparar sua continuidade no poder. No dia 29, o alto comando do Exército, tendo a frente o ministro da Guerra, general Góes Monteiro, depôs Vargas da presidência, que em seguida foi entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares

Fonte: www.cpdoc.fgv.br

Este é para o grupo de estudo...

Apologia de Sócrates - Platão é só baixar e se divertir !!!

Alguns “ismos” das Ciências Sociais


Comunismo, epicurismo, estoicismo, cristianismo, historicismo, capitalismo, socialismo, imperialismo, funcionalismo, marxismo, cientificismo etc. são alguns dos inúmeros "ismos" das ciências sociais. O que vem a ser um "ismo"? Há várias acepções, conforme a área ou ramo de conhecimento. Assim, dogmatismo, ceticismo, subjetivismo, relativismo, pragmatismo e criticismo referem-se a posições assumidas ou idéias aceitas sobre a possibilidade do conhecimento. O dogmatismo defende que não existe o problema do conhecimento enquanto relação entre sujeito e objeto. As coisas existem pura e simplesmente, o jeito é acreditar. O ceticismo e o extremo do dogmatismo e afirma que o sujeito não pode apreender o objeto, daí o conhecimento ser impossível. Já o subjetivismo e o relativismo limitam a validade do conhecimento ao sujeito. Toda verdade é relativa, não há verdade absoluta. Para o pragmatismo, o conhecimento ou a verdade significam utilidade, valor, prática. Numa posição diferente, o criticismo admite o conhecimento, mas sob reserva. Não é dogmático nem cético, mas reflexivo e crítico. Para cada um destes “ismos” houve ilustres filósofos com suas obras clássicas. Além destes “ismos” há outros, referentes ainda ao conhecimento, sobre sua origem e sobre sua essência.
Na ciência política, por exemplo, há alguns "ismos" bem gerais e outros mais particulares ou específicos, como por exemplo, colonialismo, imperialismo, comunismo e bonapartismo, chauvinismo, bolchevismo. Afinal, o que vem á ser um "ismo"?
O "ismo" é uma posição filosófica ou científica que sustenta algo sobre uma idéia, um fato, um sistema, uma política, um programa, uma circunstância etc. É uma idéia central a nortear o adepto perante o mundo ou em face de determinadas coisas. É um método ou conjunto de valores, é um principio ou conjunto de princípios explicativos sobre alguma coisa ou algum fato. É uma filosofia ou um modo de ver o mundo ou determinado problema. Há tantas definições de "ismos'" quase quantos "ismos" há. Cada um tem seu contexto histórico em que surge e se desenvolve Ocorre, muitas vezes, que, após passar a ser moda ou um sistema de idéias dominante, o "ismo" cai no ostracismo. Mais tarde, pode ressurgir, como o liberalismo, que após quase cem anos, volta ao cenário das idéias da política econômica de vários países, chegando até nós, com a inauguração no Rio de Janeiro do Instituto Liberal, em 1983, com outros similares em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e outras capitais. Há ainda os "ismos'" apenas históricos, que tiveram seu tempo e hoje estão ultrapassados, continuando vivos apenas para compor o contexto histórico-social de um passado próximo ou remoto, do qual somos herdeiros como civilização e como cultura.
A inclusão deste capítulo neste roteiro de estudo tem tríplice objetivo. Primeiro, mostrar ao aluno que todo "ismo" é sempre parte de um conjunto, parte de um processo no qual surge e se desenvolve, podendo continuar ou ser substituído. Nada é gratuito nem fortuito na realidade social. O "ismo" tem raízes e se desenvolve sempre vinculado a uma filosofia da história ou a uma explicação pragmática do momento. Quase nunca é resultante só de um fato, mas engloba a realidade como um todo cultural. Segundo, além desta característica totalizante, é oportuno lembrar que nem todo "ismo" surge como resposta antagônica ou como guerra a outro ou a qualquer teoria anterior, embora isto tenha ocorrida. Há "ismos" bipolares, opostos, mas são bem menos numerosos que os outros. Há alguns, que derivados de outros, guardam sua essência, mas diferem na aplicação, no programa, na aceitação teórica ou na posição metodológica. Terceiro, há "ismos" que passam para a história como verdadeiras, piadas ou erros grosseiros, e, pior ainda, se perpetuam em livros didáticos. Cuidado, alerta: são as palavras de ordem diante do cipoal teórico das ciências sociais em tantos livros devorados por mestres e alunos. Na listagem a seguir são mencionados alguns ismos que se encontram nesta situação.
De modo algum esta relação é completa, não temos nada de completo neste roteiro, pois estamos tratando de generalidades, de miscelâneas, com nenhum compromisso com profundidade neste momento. Trata-se apenas de uma primeira aproximação.

Anarquismo

O termo guarda o sentido etimológico: sem governo. Doutrina que defende uma sociedade livre de todo domínio. Significa libertação de qualquer dominação superior, de ordem ideológica (religião, doutrina política), de ordem política (estrutura de poder hierarquizada, de ordem econômica (propriedade dos meios de produção), de ordem social (classe ou grupo social), sindicato; clube, associação), de ordem jurídica (leis e normas). O sentimento geral pela liberdade individual é transporto para a sociedade e encontra no anarquismo forte aliado. O pensamento anárquico surge no final do século 18, com a obra de William Godwin: Enquiry concerning political justice. A bandeira do anarquismo (recusa da autoridade e da lei) está lançada nesta obra. Dentre os pensadores políticos que abraçaram o anarquismo, temos Proudhon, Bakunin, Malatesta, Stierner, Kro­potkin.

Autoritarismo.

Nas ciências sociais o termo tem dois sentidos: Primeiro, comportamento ou personalidade autoritários, tendo como área de investigação a psicologia. O livro clássico é A personalidade autoritária, de Adorno. Segundo, ideologia ou visão que preconiza os métodos autoritários sobre os liberais. O autoritarismo se aproxima do totalitarismo. Permite práticas liberais conquanto sujeitas ao controle da disciplina e da hierarquia. Emprega algumas medidas excepcionais do totalitarismo mas não seus princípios.

Bonapartismo

A expressão tem duplo significado. O primeiro, referente à política interna, com origem em Marx (O dezoito Brumário de Luís Bonaparte), expressa a forma de governo na qual o executivo concentra todo o poder em sua liderança carismática, como representante direto da nação, e árbitro imparcial perante todas as classes. O segundo, no sentido de política externa, tem um componente de expansionismo com duplo objetivo; além da expansão territorial, traz o objetivo de consolidação do regime de governo contra a oposição de grupos radicais. Visa a fortalecer o grupo dominante e enfraquecer os adversários internos. Neste sentido tem sido usado por historiadores alemães, como Meinecke e Fischer, para explicar a política externa da Alemanha guilhermina e nazista. O despotismo do poder bonapartista encontra sua válvula de escape contra pressões internas na política externa.

Capitalismo

Sistema econômico que se fundamenta em alguns princípios, como:
1) propriedade privada dos bens ou meios de produção;
2) economia de mercado ou livre-câmbio, recusando qualquer limitação ao mercado;
3) utilização da tecnologia sempre renovada na produção;
4) racionalização do direito e da contabilidade em função dos princípios acima;
5) liberdade de trabalho e relações capital-trabalho reguladas pelo mercado;
6) comercialização da economia com vistas ao lucro. O capitalismo defende uma economia livre, não centralmente planificada.
É a liberdade na produção. O Estado não interfere senão para barrar aberrações contra tais princípios. O liberalismo tem sido fortemente vinculado ao capitalismo. Só vigora em países cujo regime pol político é também aberto, livre e democrático. A ética protestante contribui para o avanço do capitalismo através de suas normas de vida, como muito trabalho, pouco consumo, vida simples e muita poupança reinvestida. São muitos os autores clássicos do capitalismo como também os de seus inúmeros subterras. Desde Sombart, Weber, Schumpeter, até Galbraith, Hayek, Myrdal e outros contemporâneos.

Clientelismo

Com origem na antiga Roma; clientela designava a relação entre indivíduos de status inferior, mas que viviam na comunidade, protegidos pelos chefes de família. Relação de dependência econômica e política entre o chefe e o cliente numa fidelidade recíproca. O clientelismo vigorou de maneira dominante na política brasileira da Velha República (1889-1930), sob o domínio das oligarquias rurais. O livro nacional que bem descreve o clientelismo é Coronelismo, Enxada e Voto, de Vitor Nunes Leal.

Comunismo

É um regime político e um sistema econômico fundado em alguns princípios, entre os quais citam-se:
1) o trabalho é a única fonte do valor;
2) o capital é um contínuo roubo ao trabalho;
3) o capitalismo é um sistema que leva a sociedade a uma crescente proletarização;
4) o proletariado (classe trabalhadora) conduzirá a sociedade a uma nova forma de regime político e econômico;
5) para garantir e apressar a retórica do proletariado, é necessário e urgente criar a consciência de classe.
Surgiu na Europa no século 19 e tem em Marx, Engels e seus seguidores sua fundamentação teórica bem estruturada. O Manifesto do Partido Comunista é a carta magna do comunismo. Como modo de produção está superado para o futuro. O comunismo primitivo é outra coisa bem diferente, cujos resquícios conhecemos através da antropologia, nas sociedades tribais, ágrafas, primitivas ou selvagens, como nossos índios não-aculturados. Desde Marx e Engels não cessa de crescer os apologistas tanto do capitalismo como do comunismo.

Determinismo (e Possibilismo)

Há vários determinismos; tratamos aqui do geográfico e, en passant, do econômico. O determinismo econômico é um item ou tópico de importância secundária no conceito de modo de produção e seu componente inseparável de infra-estrutura. Digo de importância secundária porque o determinismo econômico de Marx sofreu diversas interpretações no correr do tempo. Marx não era tão determinista (ou mesmo marxista) como seus intérpretes e seguidores. O determinismo geográfico tem raízes profundas na história. Já Hipócrates (século V a.C.) assinalava em Dos ares, das águas e dos lugares o caráter determinista dos fenômenos físicos sobre o comportamento humano. O mesmo ocorreu com Montesquieu em Do espírito das leis (1848), sobretudo com o clima como fator determinante do caráter do povo.

“Dê-me o mapa físico de um país, ... que lhe direi, a priori, qual região será relevante na história, não por acidente, mas por necessidade.”

A afirmação acima, de Victor Cousin retrata bem o significado do determinismo geográfico. Imputado a Ratzel; como grande divulgador desta teoria, o determinismo teve grande divulgação como posição doutrinária da geografia alemã, em oposição à geografia francesa, o que não corresponde à verdade. A leitura de Antropogeografia, de Ratzel, mostra o ledo engano desta tese difundida ainda em livros didáticos. Vidal de la Blache e a geografia francesa surgiram como divulgadores do Possibilismo em oposição ao determinismo geográfico alemão. O possibilismo defende a possibilidade da ação humana sobre o meio físico, sobretudo com o avançar da técnica. Esbarra com a ecologia que combate o crescente rompimento do equilíbrio ecológico. Desde Haeckel e Sorre a ecologia tem sido tema estreitamente ligado à geografia, fazendo parte de sua natureza ou sua essência. A rivalidade entre a França e a Alemanha de então, com a derrota francesa na guerra franco-Prussiana (1870), e a reconhecida superioridade da geografia alemã fizeram com que surgisse esta vinculação do determinismo à geografia alemã e do possibilismo à geografia francesa.
O possibilismo não deve ser confundido com possibilidades (ou oportunidades) de vida – Lebenschancen ou life-chances – tema ligado à mobilidade social, tratado por Weber (Economia e Sociedade, 1922) na área da sociologia.
Outra acepção do possibilismo é a de determinismo cultural, tão divulgado na antropologia do século XIX, a designar o crescimento regular da cultura ou o condicionamento cultural. Os dois clássicos do tema são A antiga sociedade (1877) de Morgan, e A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884) de Engels.

Esquerdismo

O vocábulo tem dupla origem. Primeiro, a palavra skaios (em grego, esquerda). Segundo, no parlamento francês os oposicionistas (jacobinos) ocupavam as cadeiras do lado esquerdo (la gauche). É a posição política que luta por reformas políticas, sociais e econômicas profundas ou por meio de processos violentos, até mesmo da revolução. A esquerda geralmente representa uma força social revolucionária, às vezes reformista; nunca, porém, conservadora ou reacionária contra as quais luta com denodo. O conceito se baseia na simetria espacial. É uma forma simplista de classificar pessoas e regimes políticos. Termo utilizado pela linguagem jornalística, pela linguagem oral, e até mesmo pela linguagem acadêmica, mas com elevado grau de imprecisão. Aqui também há clássicos.

Fanatismo

Obediência cega a uma idéia, apoiada em um zelo obstinado até chegar ao uso da violência para fins de proselitismo e de punição dos opositores ou indiferentes a tal idéia ou crença. Está subjacente no fanatismo a noção de que o ideal, a doutrina ou o objetivo abraçado e defendido é falso é perigoso, não merecedor de tanta dedicação e perseverança. O fanático se opõe ao entusiasta, seguidor de uma idéia nobre e benéfica. O fanatismo se prende ao dogmatismo e, em parte, encontra adeptos entre pessoas de personalidade autoritária, que não percebem o erro ou o perigo que passam a defender. O fanatismo não questiona a sua crença e adere ao sectarismo. É fenômeno antigo na humanidade, e a religião é sua fonte mais freqüente. Entre autores que trataram do tema destacam-se Torque­mada, Calvino e Clemente no passado, e Goebbels neste século.

Funcionalismo

Um dos métodos das ciências sociais. Tem como visão central um sistema social cujas instituições contribuem para a manutenção do equilíbrio. A palavra função expressa bem o significado do método: cada órgão com sua função bem desempenhada e o sistema terá seu equilíbrio garantido. Embora já usado por Durkheim em A divisão do trabalho social e O Suicídio, o livro de Radcliffe-Brown Função e equilíbrio da sociedade primitiva deram novo impulso ao método. Função e equilíbrio são as palavras-chaves do funcionalismo enquanto método de interpretação da realidade social. 0 funcionalismo não nega a evolução ou a mudança social, mas a percebe através da seqüência de equilíbrio s gerados pelas novas instituições sociais ou nova forma de estruturação das antigas instituições.

Historicismo

Visão ou filosofia segundo a qual todos os valores resultam de uma evolução histórica. A historicidade ou a inserção cronológica, causal, condicionante e concomitante de eventos na história constitui posição assumida a priori, isto é, ela é prévia e determina a inserção dos fatos na história. Surgiu no século XIX e contou com eminentes historiadores para divulgação e critica. O termo historicismo apareceu em 1881 na obra de Karl Werner - Giambattista Vico como filósofo e pesquisador erudito, com o significado de estrutura histórica da realidade humana. A razão substitui a providência divina na visão historicista, caracterizada pela consciência histórica, pela historicidade do real. A humanidade é compreendida por sua história e a essência do homem não é a espécie biológica, mas sua história, movida pela razão. Troeltsch, Dilthey, Mannheim, Spengler, Her­der, Toynbee figuram na galeria dos historiadores que divulgaram o historicismo, e Popper o criticou em The poverty of historicism, traduzida em português como A miséria do historicismo.

Humanismo

O termo humanismo surge em 1808 no livro A luta entre o filantropismo e o humanismo, de J. N. Niethammer, no sentido de educação visando à formação global do indivíduo através do estudo dos clássicos gregos e latinos, em oposição às escolas da moderna pedagogia. O vocábulo surgiu tardiamente, pois com este sentido já era praticado vários séculos antes, por Petrarca (1304-1374), Erasmo de Rotterdam (1476-1536) e muitos outros autores. Nesta época o humanismo procura por em destaque a dignidade da pessoa humana e sua autonomia em face da revelação cristã medieval. Os humanistas eram todos exímios helenistas e latinistas. A própria natureza e experiência humanas constituem os fundamentos do humanismo. Há um segundo significado como forma de valorizar o homem, fora da religião, decorrente do naturalismo ateu. E há ainda um terceiro significado, mais usado que o anterior, como sinônimo de filosofia, de visão do homem e do mundo. Neste sentido muitas filosofias advogam o humanismo, como o cristianismo, o marxismo, e muitos partidos políticos o incluem em seus princípios, como a democracia cristã, o liberalismo etc. A máxima do humanismo certamente seria: Homo sum, humani nihil a me alienum puto (sou homem, nada do que é humano me será estranho), verso de Terêncio, escravo liberto e poeta latino (cerca de 190-159 a.C.).

Humorismo

O cômico, a pilhéria, o gracejo, a ironia e o humor foram estudados por cientistas, desde os filósofos antigos até psicólogos do século XX. Embora Aristóteles tenha tratado sucintamente do tema, os antigos davam importância ao humorismo, como comprova o velho adágio: Castigat ridendo mores e as antigas comédias e sátiras grego-romanas. Segundo Bergson, a ironia consiste em fingir ser o que se é realmente, e o humor, em mostrar o que é realmente, simulando o que deveria ser. Freud em A pilhéria e suas relações com o inconsciente (1905) trata do cômico e do humor, sob a perspectiva da psicanálise. Mas os clássicos do humorismo são Theodor Lipps com Comicidade e humorismo, 1899; Kuno Fisher, Sobre a pilhéria, 1889, e Bergson, O riso, 1900. O humorismo é tema importante e sério nas ciências sociais, na imensa área de incidência entre antropologia, psicologia e sociologia.

Idealismo

É uma das diversas posições sobre o conhecimento e sobre a sua essência. Considera o real redutível à idéia, ao pensamento, ou, em outros termos, a idéia ou pensamento é a essência da realidade. Platão é o pioneiro a defender esta posição. O idealismo gnosiológico é também defendido pelo cartesianismo e por Berkeley, e o idealismo transcendental por Kant, Malebranche, Fichte, Schelling, Hegel e outros filósofos. Ao idealismo se contrapõem o material ismo e a sua práxis. Marx se opõe veementemente ao idealismo em sua tríplice forma metafísica, histórica e ética. Suas primeiras obras, de 1843 a 1847, constituem ampla crítica ao idealismo. A história e a vida real são simplesmente "a atividade dos homens em busca de seus fins" (A sagrada família, 1845). Além do idealismo, há o realismo e a fenomenologia como soluções metafísicas sobre a essência do conhecimento.

Individualismo

O termo pode ser compreendido como filosofia ou crença para a qual o indivíduo é um fim em si mesmo - Individuum est ineffabile - e como uma teoria que defende o primado do indivíduo sobre a sociedade e o Estado. E neste segundo sentido que interessa às ciências sociais. Liberdade, propriedade privada e limitação do poder do Estado - eis as palavras-chaves do Individualismo. Há tendência em se vincular ou relacionar Capitalismo e Individualismo bem como Socialismo e Coletivismo. De fato, há atributos comuns que os aproximam. O livro de Tocqueville - A democracia na América - foi um dos primeiros a mostrar as conquistas sociais dentro de um individualismo concreto, que muito mais a aproxima do liberalismo. O individualismo ora é atacado ora é defendido no decorrer dos tempos. Rousseau e Mandeville (por ele citado), Durkheim, Toennies, Hayek e tantos outros tratam do tema.

Integralismo

Movimento político brasileiro dos anos 1930 sob a direção de Plínio Salgado, com apoio teórico de Oliveira Viana, Alberto Torres e Jackson de Figueiredo. É uma forma de humanismo espiritualista defendendo o primado do espírito sobre o moral, do moral sobre o social, do social sobre o nacional, do nacional sobre o indivíduo. Tinha por lema Deus, pátria e família, e por emblema a letra grega maiúscula sigma significando somatório, união. Teve influência do nazi-fascismo, caindo também no preconceito contra os judeus e perdeu prestígio com a derrota destes regimes na última guerra.

Liberalismo

Liberalismo é um conceito de muitas acepções. O termo não tem significado unívoco. Muitos liberais e pouco liberalismo, diria algum dos liberais meio radicais em sua corrente. É um conjunto de valores a nortear a existência humana. Pode ser enunciado de diversas maneiras, pois abrange a vida social em todos os seus aspectos. Pode-se dizer que é uma visão de mundo, uma filosofia do momento presente. Caracteriza-se por alguns princípios, entre os quais arrolamos os seguintes:
1) é individualista, defendendo o primado do indivíduo sobre a sociedade ou qualquer grupo social;
2) é igualitário, admitindo e garantindo a igualdade do homem enquanto pessoa, cada um com seu predicado moral igual, quaisquer que sejam a origem étnica, a religião, o partido político, o sindicato, o clube etc.;
3) é universalista, defendendo a homogeneidade moral da espécie humana; regiões, estágios de crescimento econômico, países e regimes políticos são aspectos secundários diante da igualdade moral do homem;
4) é otimista, admitindo o aperfeiçoamento das instituições sociais de cada sociedade;
5) é recente na história da humanidade, surgindo após a Revolução Gloriosa Inglesa, e de modo mais forte após a Revolução Francesa, tendo como raiz o pensamento de Locke (1632-1704);
6) defende a liberdade como direito natural de todo indivíduo e toda autoridade é limitada por esse direito.
O liberalismo é uma teoria ou doutrina de liberdade política e de liberdade econômica. De conformidade com os quesitos anteriores, orienta a ação do Estado e de qualquer autoridade, visando ao bem comum, sem ferir qualquer indivíduo ou grupo social. Entre seus representantes contamos com Locke, Tocqueville e, sobretudo com a Escola de Viena. O liberalismo ressurge agora no mundo com nova força. No Brasil já temos vários Institutos Liberais, desde a criação, no Rio de Janeiro em 1983; do primeiro núcleo de pesquisas e de divulgação do liberalismo, nos moldes europeus. (Endereços - Rio de Janeiro: Av. Pres. Wilson, 231, 27° andar - Castelo; São Paulo: Rua Bela Cintra, 471, sala 121.


Marxismo

É um termo muito usado e com vários significados. Deriva de Marx (1818-18831 e designa um método de interpretação das ciências sociais, uma filosofia da história, uma corrente de pensamento na economia e mesmo um dogma ou religião. As ciências sociais utilizam o marxismo como método de interpretação da realidade social ao encararem a sociedade como um processo dinâmico movido pelo antagonismo ou conflito inerente às classes sociais. O recurso teórico desta visão é o materialismo dialético aplicado à história da humanidade, ou seja, o materialismo histórico. O conceito-chave é modo de produção (infra-estrutura e superestrutura). Como filosofia da história tem a mesma visão metodológica, abrangendo sempre a tese, sua antítese e, do confronto das duas, a síntese, que se afirma como tese e novo processo sempre recorrente. O caráter determinante da infra-estrutura (forças produtivas e relações de produção) mais o antagonismo entre as classes explicam o caminhar da humanidade desde o comunismo primitivo, ao escravismo, feudalismo, capitalismo até o socialismo. Como corrente de pensamento na economia, o marxismo guarda seu conteúdo desta visão macro, mas desce para a microeconomia, na teoria do valor, em que o trabalho é a palavra-chave enquanto relação social, cujo resultado é o salário 0 marxismo tem sido também um dogma ou religião com todas as características desta. É o caso do marxismo-leninismo aplicado na União Soviética até recentemente. O grande mérito do marxismo, em qualquer conceito em que seja empregado, é vincular sempre o econômico ao político, envolvendo ambos pelo histórico.

Milenarismo

E um termo que envolve aspectos religiosos e políticos. Designa movimentos sociais surgidos geralmente em momentos de crise, cujo conteúdo e objetivo é o retorno ao passado feliz aqui na terra. O componente religioso é a crença irracional na salvação iminente e total. O componente político é a associação e a participação ativa em decorrência desta crença. 0 surgimento de um I líder carismático dá vigor ao movimento, cujo messias ou salvador passa a controlar toda a massa religiosa politizada. O texto clássico é o livro da Professora Maria Isaura Pereira de Queiroz: O messianismo no Brasil e no mundo. O tema não foge de todo da psicologia social devido ao tipo psicológico do líder a à tendência a paroxismo, produzida pela sugestão e imitação voluntária. A manipulação das massas também está, muitas vezes, presente em tais movimentos.

Positivismo

Conjunto de idéias e doutrinas de Comte (1798-1857) baseado nas obras Curso de filosofia positiva (1830-42), Sistema de filosofia positiva (1851-54) e Catecismo positivista (1852. Admite a evolução da humanidade em três estados: teológico, metafísico e positivo. "Tudo é relativo - eis o princípio absoluto único." Classificou também as ciências conforme a generalidade decrescente e a complexidade crescente: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia; acrescentou mais tarde a psicologia. Criou o vocábulo sociologia, dividida em estática (organismo social) cujo fim é a ordem e dinâmica (evolução humana) cujo fim é o progresso. No século XX o positivismo ressurgiu com novo nome e outra preocupação, no Círculo de Viena, empirismo lógico ou positivismo lógico.

Sectarismo
É a adesão a um I líder, a uma fé, a uma doutrina pol política, adesão firme e cega, até as últimas conseqüências, mesmo absurdas. Tem muita semelhança com o fanatismo e compromete o bem-estar social, através da perseguição ou intolerância dos seguidores e do abandono do bom senso, dos valores, direitos e deveres do cidadão. É o impulso passional que move o indivíduo, não a razão. Traz a conotação de espírito de seita, alimentado pelo ódio.

Socialismo
É um regime econômico cujos princípios são basicamente os seguintes:
1) propriedade social ou coletiva dos meios de produção;
2) planificação social estruturada teoricamente com a finalidade de constituir uma sociedade mais justa, com minimização da desigualdade social;
3) tendência geral para a defesa da justiça igualitária. Teve seu auge no século 19 e Marx dedicou um capítulo de seu Manifesto Comunista para os diversos tipos de socialismo, a fim de orientar intelectuais e a classe operária contra tendências ou correntes socialistas reformistas e burguesas. É evidente que tal regime econômico não seja adequado ao liberalismo que inspira o capitalismo. Seu ideal de igualdade tem, na realidade, dividido a sociedade em dois segmentos ou classes distintas: o povo cujas necessidades básicas são satisfeitas e os dirigentes cujas necessidades supérfluas continuam a crescer, qual pequeno reduto capitalista dentro do socialismo. A URSS é apontada como o modelo vivo do socialismo. Em face do fracasso econômico contínuo, surgem com esperança a Glasnost e a Perestroika, cujos êxitos o mundo inteiro aguarda.

Totalitarismo

É o primado do poder de Estado sobre o indivíduo. É a expansão do controle e da ação permanente do Estado sobre a vida social. O totalitarismo tem por princípio a ação e o controle do Estado sobre a sociedade, geralmente não admite partidos políticos, salvo o do poder. Os exemplos mais característicos e recentes são os regimes nazi-fascista e soviético. O livro clássico é Origens do totalitarismo, de Hannah Arendt.


Utilitarismo ou Pragmatismo

Teoria ética e social que defende a busca do poder como objetivo do homem. E uma versão moderna do epicurismo, ou a busca da felicidade. Surgiu no final do século XIX com J. Bentham e J. Mill. Tem certa semelhança com o hedonismo, diferenciando-se deste pelo aspecto moral. Segundo Veblen, o homem econômico é um emérito calculador de prazeres e de sofrimentos, se se consideram o lucro e o custo como prazer e sofrimento. O direito serviu-se da idéias utilitaristas, através da jurisprudência produzida pela obra de Beccaria: Dos delitos e das penas, que defendia a pena ou o sofrimento para todos os criminosos, de qualquer classe sem distinção, desde a nobreza até a classe mais baixa. 0 crime deve ser compensado de seu prejuízo para com a sociedade através do castigo e a única medida do crime é a extensão do dano: maior crime, maior pena.
Januário Francisco Megale

Ciência Política no tempo burguês

Pode-se dizer que a política moderna, como a conhecemos, tem o seu início no período do Renascimento, momento de questionamentos radicais das estruturas vigentes, momento que, segundo Engels, citado por Agnes Heller em O Homem do Renascimento, “Gigantes eram necessários e gigantes surgiram”. Em poucas ocasiões na história humana tantas pessoas se sobressaíram tanto em tantas áreas do saber humano. Momento de transformações, de ruptura com antigas visões de mundo.
A cisão radical entre a ética cristã medieval e a política como praticada no período do renascimento, lapidarmente sintetizada na obra prima de
Maquiavel, seu “opúsculo” O Príncipe, abre caminhos e aponta questionamentos novos à inserção do homem no mundo. Realista, Maquiavel observa os homens de seu tempo e os vê “traiçoeiros, mesquinhos, ávidos”, enfim, vê nesta imensa “corrida de lobos” que norteia a política de seu tempo, o homem “naturalmente mau”.
O Homem do Renascimento havia se tornado “livre”, dotado de uma liberdade com características positivas e negativas, segundo leitura dos teóricos de Frankfurt. Liberdade positiva quando, emancipado dos laços da exploração feudal pode criar novas formas de convívio social revendo, inclusive, aspectos religiosos incompatíveis com o enriquecimento a partir do lucro oriundo de transações mercantis; atividade considerada pecaminosa pelo cristianismo medieval.
A Reforma Protestante do período cumpre cabalmente este papel, de acordo com o que expõe Weber em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
Mas há ainda um aspecto “negativo” na liberdade do homem do renascimento: se antes praticamente todas as atividades humanas eram ritualisticamente previstas, do comer e vestir ao acasalar-se e guerrear, não há mais nada a que se segurar, as certezas vão se esvanecendo em meio à vertigem turbilhonesca, em espirais crescentes, das novas regras e valores éticos postas, repostas, transpostas, reformadas... O burguês egresso deste processo é agora um homem capaz de tudo (e não apenas na esfera social !)
As pesquisas científicas avançam celeremente, arremessando-nos a todos no que Marshall Berman chama de “vertigem da modernidade”, uma era fáustica em que Tudo o Que é Sólido Desmancha no Ar, “todas as coisas sólidas esvaem-se, enfim, como fumaça”: de prédios e cidades planejadas para durar pouco tempo até os compromissos entre os seres humanos.
O homem fáustico do tempo burguês torna-se efetivamente como nos diz Thomas Hobbes, “o lobo do homem”. Dentro da tradição política burguesa, Hobbes também (como o fizera, mutatis mutandis Maquiavel), tece suas considerações acerca da “Natureza Humana” e, vendo com clareza e brilhantismo o homem de seu tempo, percebe e transcreve as características da competitividade mais feroz, informando ser necessária a criação de um organismo artificial, a quem seriam dados amplos poderes a fim de que a “guerra de todos contra todos” não findasse por destruir toda a sociedade. O Leviatã, homem ou assembléia de homens a quem todos, no pacto proposto por Hobbes, deveriam ceder o poder de governar certos aspectos de suas vidas sociais. Este ser artificialmente criado deveria ainda ser o único detentor legítimo do uso da força uma vez que, diante de tantos maus, “Covenants without the sword are but words”, ou seja, “pactos sem espada não passam de palavras”.
Um posterior movimento romântico sugere que, se o que se pretende é localizar a “natureza humana”, por que então não voltar a mirada para os homens das sociedades primitivas, sem Estado, ou mesmo para as crianças? Presos ainda à tradição burguesa, julgam poder referir-se ainda à “natureza humana’ e informam:” o homem é bom por natureza, é a sociedade, como está “organizada” que o corrompe “. Por muito tempo esta postulação foi creditada a Jean-Jacques Rousseau, o que Jean Starobinski, entre outros, pretendem rever”.
Postulações mais recentes, expostas no Brasil por J. A. Guilhon Albuquerque e Gisálio Cerqueira Filho, dão conta de não haver tal coisa como “bondade ou maldade plantada na natureza humana”; o ser humano é potencialmente muitas coisas, sendo formado e (re)formando a sociedade num processo dialético extraordinariamente complexo.
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Este questionamento é relevante para as relações entre poder e política na medida em que, ao termos plena consciência de que provocamos – consciente ou inconscientemente – alterações significativas mesmo nas esferas outrora consideradas naturais e imutáveis, novas dimensões se abrem no horizonte dos possíveis.
Já sabemos também, com
Lucien Goldman e Michael Löwy, que juízos de valor estão na raiz mesmo dos questionamentos em Ciências Humanas e mais: certos juízos de valor permitem maior amplidão e fidedignidade à descrição e crítica de fatos sociais.
Ora, se o ser humano – e, por extensão, a sociedade formada por seres humanos – é potencialmente muitas coisas, deve-se, creio, trabalhar e estudar formas que possibilitem a todos se libertar das pesadas cadeias que nos prendem numa espiral de ódios e desavenças, superando politicamente a sociedade burguesa, fundada no antagonismo, na competição mais que na cooperação e mesmo, no Brasil, superar não apenas o ódio que provoca uma brutal concentração de rendas tanto quanto as práticas de favor (apud
Roberto Schwarz, Ao Vencedor as Batatas), o patrimolialimo (Raymundo Faoro, Os Donos do Poder) que oculta sem solucionar os mais graves problemas sociais que nos afligem.
Embora o Estado venha encontrando formas cada vez mais sofisticadas de manter-se estruturado e poderoso, é possível, a partir da consciência antecipadora (Ernst Bloch, A Dialética da Esperança), imaginar uma sociedade feliz, não autoritária, onde não mais exista o poder coativo, à margem da vida, lacaio da materialidade mercadológica. Por mais que as lutas pela emancipação política e econômica da Classe Trabalhadora – portanto de todos – hajam malogrado em alguma medida, e isso abale o nosso otimismo militante, é preciso afastar o niilismo que, segundo ainda Ernst Bloch, “vai do não ao nunca” e aproximarmo-nos do Princípio Esperança, que “ascende do não ao ainda não (noch nicht sein)”.


Lázaro Curvêlo Chaves - julho de 2004

A BALSA

(CRÔNICA DE UM USUÁRIO, ESTUDIOSO E COLECIONADOR DE BALSAS)


A balsa é a instituição mais democrática da política acreana. Ela se constitui no meio de transporte, que a cada eleição, abriga os derrotados pelas urnas, numa travessia dolorosa de Rio Branco, saindo do porto da gameleira, até a cidade amazonense de Manacapuru. Trata-se de uma viagem de "purgação" para se fazer a catarse das fortes emoções da campanha, chorar as mágoas da derrota e liberar as tensões reprimidas. Durante o percurso, os usuários da balsa são submetidos a uma rigorosa dieta a base de "chibé (pirão de agua morna com coentro e sal) e vão ouvindo o chõro dos surubins, que escoltam a balsa até Manacapuru. Histórico:
Com a anexação do Acre ao Brasil, a Lei 1181 de 25/02/1904, organiza o Acre em Território Federal, dividindo-o em três departamentos autônomos: Alto Acre, Alto juruá e Alto Purus. Está decisão frustrou os chefes revolucionários, que esperavam que o Acre fosse constituido como Estado autõnomo e que eles pudessem influir nos mecanismos de poder. Com as nomeações dos Prefeitos Departamentais e dos Intendentes das sedes Departamentais, as disputas políticas se acentuaram. Os seringalistas se dividiram ente os "históricos", que haviam participado da campanha revolucionária e os "não-históricos", formando-se facções contra e pró Plácido de Castro, a principal liderança que emerge do processo revolucionário. Daí que os primeiros anos do Território se caracteriza por uma grande instabilidade política. Destaque´se que entre 1904 e 1912 se sucederam nada menos do que 14 Prefeitos Departamentais.
Uma matéria que sai publicada no periódico "O Rio Acre" de 5/12/1908, divulga uma carta do Dr. Gambino Bezouro que exercia o comando do Departamento do Alto Acre, a qual nos oferece alguns indícios sobre a instituição da balsa. Naquela matéria Gambino Bezouro descreve a situação do Acre e relata uma tentativa de Plácido de Castro para destituí-lo do cargo. Eis o trêcho, onde se faz pela 1ª vez, referência a "balsa". "(...) Feito isto, desceram o rio certos de que me surprenhenderiam com poucos soldados, estes mesmos disseminados em diversos serviços, me tomariam e me fariam descer na tal balsa de que já lhe falei no começo desta!! Em Caminho, porém, o Plácido soube do que ocorria, da chegada do reforço da Companhia Regional e da metralhadora, do pessoal que me cercava para defender-me, da fuga do Juiz e outros seus amigos e esmoreceu. Na lancha que tomou a força no caminho disse ao comandante: este prefeito é soldado, se o governo der-lhe força é para desatinos e eu terei de prendê-lo e fazê-lo descer na balsa. (...) Felizmente estou cercado de bons elementos de força e tenho esperança de que a tentativa do Sr.Plácido não se reproduzirá. É isto que muitos julgam um paraizo, uma comissão rendosa, levando em pouca conta os serviços aqui prestados, nestas regiões doentias, longe do mundo, sem conforto, sem sociedade, pondo em risco a todo momento vida e saúde! Finalmente tudo passou sem haver sangue, pelo que estou satisfeitíssimo." Depois dessa primeira referência a balsa, há outro fato histórico ocorrido em 1910, que nos faz levantar a hipótese, que a instituição da balsa remonta aos primeiros anos daquele período. Num outro conflito entre as oligarquias seringalistas, o Prefeito Departamental, Leônidas Benício de Melo é destituido do cargo e foi conduzido preso numa lancha do Território com "ordens de ser desembarcado no primeiro barranco quando a embarcação atingisse o Estado do Amazonas."Não sei ainda precisar se o barranco onde Benício de Melo foi "desembarcado" fazia parte do município de Manacapuru, destino do "exílio temporário e obrigatório" de todos que perdem eleições no Acre. Na década de 50, um jornal da época, "Jornal do Povo" traz uma matéria assinada por Aluisio Queiroz, um truculento delegado de polícia, que perdeu a eleição e se recusa a embarcar na balsa. Eis um pequeno trecho do seu artigo "DE BALSA, NÃO!", datado de 12/09/1954, -"Esta é a segunda vez que somos gentilmente convidados para regressar em tão incômodo meio de transporte. Por ocasião da campanha passada, tivemos identico convite, o qual recusamos, pois achamos muito pouco amistoso o gesto dos nossos adversários. (...) O Acre inteiro já sabe que a Coligação Democrática do Acreana defende a religião cristã, enquanto os nossos adversários desejam a expulsão dos padres e freiras de todo o Território. Se balsa houvesse, não seria só para nós, pois teríamos, em nossa campanhia, os Ministros de Deus. Mas, ainda não será desta vez que o compromisso anti-clerical e divorcista executará os seus planos criminosos e antipatrióticos." (Ass. Aluisio Queiróz).
Aos balsistas, "majoritários da versão 2008", Petecão, Bocalom e, meu dileto aluno, Rocha, sejam benvindos a Manacapuru.



A minha balsa particular que saiu de ponta Negra, em Natal. Na época estava no meu Mestrado naquela cidade. Foi a derrota mais dolorosa. A eleição de 1996, quando Marcos Afonso (PT), perdeu a Prefeitura de Rio Branco para Mauri Sérgio (PMDB).





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